segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A NATUREZA MALTRATADA

Estamos vivendo uma época de grandes e velozes transformações na ordem da vida, de hábitos, de comportamentos, de valores... E em meio a todo esse caldeirão de efervescências transformativas, o progresso é o principal fator gerador.

Entretanto, a alavanca do progresso que nos impulsiona para diante, deixa-nos um saldo negativo lamentável de doença e morte ao seu derredor em todos os reinos da vida: mineral, vegetal, animal e humano...

As matas e as florestas são destruídas, impiedosa e indiscriminadamente, por particulares, grupos e organizações poderosas, obedecendo à filosofia do lucro e ao progresso inconsciente e inconseqüente.

Enquanto isso, o nosso planeta vai ficando desprotegido de reservas florestais, aumentando a desertificação, que avança ameaçadora e avassaladoramente, promovendo o desequilíbrio ecológico planetário, que se faz sentir até nas quatro estações do ano...

E o que vamos fazer para impedir a marcha dessa engrenagem alucinante que segue cega e surda aos clamores daqueles querem vida, que amam a natureza e querem preservar de males esta nossa bela morada planetária para usufruto dos seus descendentes?!

Precisamos saber que todos nós somos filhos da natureza e que, conseqüentemente, ela é a nossa grande mãe.

Não é difícil entender essa verdade. Cortado o cordão umbilical de união com a mãe biológica, depois que a criança nasce, automaticamente, se lhe abrem os pulmões para receber a vida que está contido no alimento do oxigênio que vem no ar da natureza.

E tudo isto acontece através do conduto do nariz, que funciona como um outro cordão umbilical, ligando a criança ao meio ambiente.

Por outro lado, nós não podemos parar de respirar, porque no respirar, no ir e vir do ar, de segundo em segundo, entrando e saindo pelo nosso nariz é que a vida acontece e se mantém.

Estamos tão habituados com este mecanismo que se opera naturalmente em nós, que não o percebemos. Contudo, não podemos cortar esta nossa relação para com a natureza, porque tal ato resultaria na nossa própria morte.

Do mesmo modo que dependemos do ar, dependemos de tudo o mais que a natureza proporciona. Assim é que dependemos da água como elemento essencial à vida, dependemos dos frutos, dos cereais, das leguminosas, das verduras...

A natureza é, portanto, a nossa grande mãe, razão porque quando o homem comete um crime contra a natureza, comete um crime contra si mesmo.

Quanto mais puro o ar, mais este comunica vida abundante. Entretanto se o homem, no meio ambiente em que vive, envenena o ar, logicamente ele perecerá no respirar o ar envenenado.

Daí a importância da preservação da natureza para que se tenha um meio ambiente saudável. Plantar árvores, reflorestar, cultivar hortas e jardins, tanto nas zonas urbanas como nas zonas rurais, são atividades preservativas e mantenedoras da saúde.

Muitas pessoas não conseguem perceber o poder de vida e beleza representada por uma árvore. A árvore nos acolhe, dá sombra, ameniza a temperatura, solta no ar a essência aromática medicinal para a nossa saúde, etc.

É só estudar a CULTURA RACIONAL dos Livros UNIVERSO EM DESENCANTO para adquirirmos a essência por excelência dos valores imanentes da natureza. Essa Obra é a que melhor conceitua a natureza.

Mas por falar em árvore, estivemos revendo o soneto decassílabo do nosso grande Poeta brasileiro, Augusto dos Anjos, intitulado de A ÁRVORE DA SERRA, que transcrevemos neste passo.

Augusto dos Anjos, na sua profundidade de ver e sentir, faz vibrar as cordas mais sensíveis da sua alma, intimamente inter-relacionada com a alma de uma árvore, na pessoa do filho, personagem desse seu conto poético, suscitando o despertar do leitor para elevadas emoções ecológicas, como bom intérprete da Voz da Natureza...

Senão vejamos:

A ÁRVORE DA SERRA

- As árvores, meu filho, não têm, alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!

- Meu pai, porque sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs alma nos cedros... no junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minh’alma!...

- Disse - e ajoelhou-se, numa rogativa:
“Não mate a árvore, pai, para que eu viva”.
E quando a árvore, olhando a pátria serra,

Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!